
What heart can not see, can not feel!!
Sem(100)Títulos passíveis de Objecção
"É preciso estar sempre embriagado.Eis aí tudo: é a única questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos.
E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício, na solidão morna do vosso quarto, vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que anda, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: 'É hora de embriagar-vos! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira'."
OS GATOS
Os amantes febris e os sábios solitários
Amam de modo igual, na idade da razão,
Os doces e orgulhosos gatos da mansão,
Que como eles têm frio e cismam sedentários.
Amigos da volúpia e devotos da ciência,
Buscam eles o horror da treva e dos mistérios;
Tomara-os Érebo por seus corcéis funéreos,
Se a submissão pudera opor-lhes à insolência.
Sonhando eles assumem a nobre atitude
Da esfinge que no além se funde à infinitude,
Como ao sabor de um sonho que jamais termina;
Os rins em mágicas fagulhas se distendem,
E partículas de ouro, como areia fina,
Suas graves pupilas vagamente acendem.
Loucos e Santos - Oscar Wilde
Escolho os meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
I choose my friends not by their skin or other archetype, but by the pupil.
They have to have questioning shine and unsettled tone.
I'm not interested in the good spirits or the ones with bad habits.
I'll stick with the ones that are made of me being crazy and blessed.
From them, I don't want an answer, I want to be reviewed.
I want them to bring me doubts and fears and to tolerate the worst of me.
But that only being crazy.
I want saints, so they dount doubt differences and ask for forgiveness for injustices.
I choose my friends for their clean face and their soul exposed.
I don't just want a man or a skirt, I also want his greatest happiness.
A friend that doesn't laugh together doesn't know how to cry together.
All my friends are like that, half foolish, half serious.
I don't want forseen laughter or cries full of pity.
I want serious friends, those that make reality their fountain of knowledge, but that fight to keep fantasy alive.
I don't want adult or boring friends.
I want half kids and half elderly.
Kids, so they don't forget the value of the wind blowing on their faces and elderly people so they're never in a hurry.
I have friends to know who I am.
Then seeing them as clowns and serious, crazy and saints, young and old, I will never forget that 'normalcy' is a steril and imbecil illusion.
O festival começa a 23 de Outubro no Fórum Luís de Camões (Brandoa) e outros equipamentos do concelho e termina a 8 de Novembro. Durante esse período, propõe-se fazer um balanço destas duas décadas de vida através de uma grande exposição que inventaria "consequências e heranças do FIBDA". O mote é dado pelo tema central -O Grande Vigésimo, infeliz adaptação de um lema adoptado há anos pelo Festival de Angoulême (França), apostando num trocadilho com o jornal belgaLe Petit Vingtième, onde surgiu pela primeira vez Tintin, que se perde por completo na sua transposição para português. Dificuldades semânticas à parte, o que o festival fará é equacionar o seu próprio papel na dinamização da BD em Portugal através de quatro núcleos -Almanaque(os anos editoriais),Contemporaneidade Portuguesa(relação entre a BD e a arte portuguesa contemporânea),Colecção CNBDI(acervo de originais recolhidos) e20 Anos de Concurso (os autores que iniciaram a sua carreira participando no festival).
A lógica vincadamente autocentrada do mais importante festival português de banda desenhada contrasta com a relativa fragilidade da restante programação deste ano. Ao insistir no argumentista argentino Hector Oesterheld (que já participou numa exposição no ano passado), no brasileiro Maurício de Sousa, presença recorrente no festival, ou numa mostra de coleccionismo relacionada com o mundo de Astérix, os organizadores emprestam poucos motivos de interesse à vertente internacional do festival, cujo modelo dá sinais de esgotamento.
Em contrapartida, a participação da banda desenhada portuguesa aparece este ano consideravelmente reforçada. Há exposições dos clássicos José Garcês (História do Jardim Zoológico de Lisboa, no Fórum Camões) e José Ruy (Riscos do Natural, na Escola Superior de Teatro e Cinema). Das gerações mais novas, o festival inclui exposições sobre Rui Lacas e António Jorge Gonçalves (prémios nacionais de BD 2008) na Brandoa. No Centro Comercial Dolce Vita Tejo estará patente a colectivaEm Traços Miúdos, com obras de Ricardo Ferrand, Pedro Leitão e José Abrantes. Dois nomes de referência da BD portuguesa são homenageados: Vasco Granja, grande divulgador dos quadradinhos e do cinema de animação, que morreu este ano, é evocado na Galeria Municipal Artur Boal. Na Casa Roque Gameiro marca-se o centenário do nascimento de Adolfo Simões Müller, cujo papel na dinamização de publicações periódicas na primeira metade do século XX foi fundamental.
O italiano Giorgio Fratini e o francês Emmanuel Lepage completam a lista de autores estrangeiros com direito a exposição autónoma. Há ainda a referir duas mostras colectivas com autores polacos e canadianos. Os argentinos Óscar Zarate e Carlos Sampayo e o belga Johan De Moor são outros autores confirmados no festival deste ano.
in Público