domingo, 4 de outubro de 2009

Astérix, Mônica e muitos portugueses



















Os 50 anos de Astérix e da carreira de Maurício de Sousa (turma da Mônica) marcam a programação do Festival Internacional de BD da Amadora (FIBDA), que este ano faz 20 anos.

O festival começa a 23 de Outubro no Fórum Luís de Camões (Brandoa) e outros equipamentos do concelho e termina a 8 de Novembro. Durante esse período, propõe-se fazer um balanço destas duas décadas de vida através de uma grande exposição que inventaria "consequências e heranças do FIBDA". O mote é dado pelo tema central -O Grande Vigésimo, infeliz adaptação de um lema adoptado há anos pelo Festival de Angoulême (França), apostando num trocadilho com o jornal belgaLe Petit Vingtième, onde surgiu pela primeira vez Tintin, que se perde por completo na sua transposição para português. Dificuldades semânticas à parte, o que o festival fará é equacionar o seu próprio papel na dinamização da BD em Portugal através de quatro núcleos -Almanaque(os anos editoriais),Contemporaneidade Portuguesa(relação entre a BD e a arte portuguesa contemporânea),Colecção CNBDI(acervo de originais recolhidos) e20 Anos de Concurso (os autores que iniciaram a sua carreira participando no festival).

A lógica vincadamente autocentrada do mais importante festival português de banda desenhada contrasta com a relativa fragilidade da restante programação deste ano. Ao insistir no argumentista argentino Hector Oesterheld (que já participou numa exposição no ano passado), no brasileiro Maurício de Sousa, presença recorrente no festival, ou numa mostra de coleccionismo relacionada com o mundo de Astérix, os organizadores emprestam poucos motivos de interesse à vertente internacional do festival, cujo modelo dá sinais de esgotamento.

Em contrapartida, a participação da banda desenhada portuguesa aparece este ano consideravelmente reforçada. Há exposições dos clássicos José Garcês (História do Jardim Zoológico de Lisboa, no Fórum Camões) e José Ruy (Riscos do Natural, na Escola Superior de Teatro e Cinema). Das gerações mais novas, o festival inclui exposições sobre Rui Lacas e António Jorge Gonçalves (prémios nacionais de BD 2008) na Brandoa. No Centro Comercial Dolce Vita Tejo estará patente a colectivaEm Traços Miúdos, com obras de Ricardo Ferrand, Pedro Leitão e José Abrantes. Dois nomes de referência da BD portuguesa são homenageados: Vasco Granja, grande divulgador dos quadradinhos e do cinema de animação, que morreu este ano, é evocado na Galeria Municipal Artur Boal. Na Casa Roque Gameiro marca-se o centenário do nascimento de Adolfo Simões Müller, cujo papel na dinamização de publicações periódicas na primeira metade do século XX foi fundamental.

O italiano Giorgio Fratini e o francês Emmanuel Lepage completam a lista de autores estrangeiros com direito a exposição autónoma. Há ainda a referir duas mostras colectivas com autores polacos e canadianos. Os argentinos Óscar Zarate e Carlos Sampayo e o belga Johan De Moor são outros autores confirmados no festival deste ano.


in Público

Sem comentários:

Enviar um comentário